quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

UFSCAR 2000-1 a 4 - Rubem Braga

INSTRUÇÃO: As quatro primeiras questões têm como base o seguinte texto de Rubem Braga:

O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância: belo, imenso, no alto do morro, atrás de casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.
Eu me lembro do outro cajueiro que era menor, e morreu há muito mais tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da grande touceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamávamos simplesmente "tala") e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro, porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude. Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos canteiros de flores humildes, "beijos", violetas. Tudo sumira; mas o grande pé de fruta-pão ao lado de casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além, sentir o leve balanceio na brisa da tarde.

(Rubem Braga: Cajueiro. In: O Verão e as Mulheres. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1991, p. 84-5.)
01.
O trecho remete-nos a um dos temas preferidos pelos escritores românticos, que é também um tema corrente em vários poetas modernistas e muito cultivado por nossos cronistas. Esse tema, dominante no trecho, é:
(A) a exuberância da natureza tropical.
(B) a diversidade das árvores frutíferas brasileiras.
(C) o contraste entre o ambiente selvagem e o ambiente urbano.
*(D) a saudade da infância.
(E) a necessidade de comunicação por carta.



02.
Uma das normas estabelecidas para o uso da vírgula impõe que este sinal de pontuação serve para separar elementos que exercem a mesma função sintática, desde que tais elementos não venham unidos por conjunções aditivas. Este princípio vem formulado em muitas Gramáticas, entre as quais a de Celso Cunha, Gramática do Português Contemporâneo, e a de Gladstone Chaves de Melo, Gramática Fundamental da Língua Portuguesa. Rubem Braga desobedeceu a essa norma no trecho:
(A) O cajueiro já devia ser velho quando nasci.
(B) Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da grande touceira de espadas-de-são-jorge ...
*(C) Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira ...
(D) Tudo sumira; mas o grande pé de fruta-pão ao lado de casa e o imenso cajueiro lá no alto ...
(E) ... ia aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima ...


03.Há, no trecho, um período que, situando os fatos no passado, sintetiza a oposição que permeia o texto inteiro na caracterização da mutabilidade das coisas. Assinale a alternativa que contém esse período.
(A) Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância: belo, imenso, no alto do morro, atrás de casa.
(B) Eu me lembro do outro cajueiro que era menor, e morreu há muito mais tempo.
(C) Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da grande touceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamávamos simplesmente "tala") e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro, porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude.
(D) Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos canteiros de flores humildes, "beijos", violetas.
*(E) Tudo sumira; mas o grande pé de fruta-pão ao lado de casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família.


04.
Há no texto orações reduzidas de gerúndio e de infinitivo. Assinale a alternativa em que a forma verbal da oração reduzida está desenvolvida corretamente, entre parênteses.
*(A) ... protegendo a família (que protegiam a família).
(B) ... para apoiar o pé ... (porque apoiaria o pé).
(C) ... e subir pelo cajueiro acima ... (e que subiria pelo cajueiro acima).
(D) ... ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além ... (para que veja de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além).
(E) ... sentir o leve balanceio da brisa da tarde (quando sentisse o leve balanceio da brisa da tarde).

Dica: Sempre olhe no texto quando tiver duvida

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