quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

UFSCAR 2000 - Redação

O Quinto Centenário do Descobrimento do Brasil está sendo motivo de comemorações ou de eventos preparatórios para a comemoração no ano 2.000. Alguns acham que o V Centenário deve ser o momento para descobrirmos nossa verdadeira identidade, outros opinam que é a ocasião oportuna para celebrarmos nossa herança européia e nossas grandezas, muitos pensam que o quinto centenário não pode ser instrumento de alienação com respeito à nossa realidade e à nossa história, enquanto há os que defendem uma compreensão crítica da nossa data de aniversário coletivo. Em resumo, festejo, lamentação, compreensão e denúncia formam o quadro polêmico dessa grande comemoração. Daí o tema da redação que deve ser desenvolvida sob a forma de dissertação:

A POLÊMICA DA COMEMORAÇÃO DO V CENTENÁRIO DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL: TOMADA DE POSIÇÃO.

Os cinco textos que se seguem podem ajudá-lo nessa tarefa.

1.
"Por mais que insistamos que a oportunidade para pensar todos os descobrimentos havidos em nossa trajetória histórica, inclusive os 'encobrimentos', o que comemoramos de fato é o próprio presente. Para tanto, depuramos o evento "descobrimento" de tudo que possa representar uma afronta ao presente: genocídio indígena, devastação ambiental, destruição de culturas; e incorporamos os aspectos palatáveis, reforço insofismável do presente, tais como, mistura interétnica, encontro de culturas, nascimento de nações, gestação do mundo globalizado. Faz-se tábula rasa do passado."

(José Jobson de Andrade Arruda: O Trágico 5º Centenário do Descobrimento do Brasil. Bauru: EDUSC, 1999, p. 46-47.)

2.
"Os 500 anos se celebram de um ponto de vista antropológico. De novo (...), encontro índios, negros e brancos: de novo encontro "manifestações da religiosidade popular"; de novo, Franz Post, Debret, Hans Staden, Lasar Segall. (...) Estou farto de tanta antropologia. De tanta horizontalidade fictícia. Se o Brasil é o que é, isto foi resultado de opressão, de colonização, de violência vinda de cima e da desorganização da parte de baixo."

(Marcelo Coelho: Chega de perguntar "o que é" o Brasil. Folha de S. Paulo, l4/4/1999, p. 4-6.)

3.
"Enquanto nos jornais e nas universidades discute-se o futuro (mais negro que a asa da graúna, presume-se) das "identidades nacionais", o povo simplesmente exerce sua vocação inata para diferenciar-se de padrões estranhos a ele. Costuma fazer melhor: adapta os modelos dos gringos à sua maneira e estilo.(...)
Quem vê o país de cima para baixo pode achar que tudo isso aí é a expressão mais acabada do atraso.(...)
Não sei não. Acho que, pelas frestas, o brasileiro vai dando um jeito de escapar ao uniforme e ao figurino. Continua mantendo viva a possibilidade de ter um ponto de vista próprio sobre o seu mundo e o dos outros."

(Luiz Z. Oricchio: O criativo exercício de resistir à hegemonia global. O Estado de São Paulo,15/7/1999, p. D-12.)

4.
"O Brasil fará 500 anos. São 500 anos de descobertas, lutas, invasões, batalhas, conquistas, crescimento e transformação. E esta coleção vai contar a história deste país jovem e promissor, que já foi colônia, teve seu período de império e se transformou em república, até ser o que é hoje: uma nação com um grande potencial de desenvolvimento e riqueza."
(Brasil 500 Anos. São Paulo: Editora Abril, 1999.)

5.
"Hoje em dia o hábito de festejar datas se tornou tão popular que qualquer personagem ou acontecimento menor tem direito ao seu centenário. A celebração do ano 2000 atende, assim, a uma prática já bastante enraizada nos nossos costumes, e por isso mesmo aceita entre nós sem muitos questionamentos. Afinal, uma boa festa não precisa de tantas desculpas."

(Bertília Leite e Othon Winter: Fim de Milênio.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999, p. 29.)

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