Linda tarde, meu amigo!... Estou esperando o enterro do José Matias — do José Matias d'Albuquerque, sobrinho do Visconde de Garmilde... O meu amigo certamente o conheceu — um rapaz airoso, louro como uma espiga, com um bigode crespo de paladino sobre uma boca indecisa de contemplativo, destro cavaleiro, de uma elegância sóbria e fina. E espírito curioso, muito afeiçoado às idéias gerais, tão penetrante que compreendeu a minha Defesa da Filosofia Hegeliana! Esta imagem do José Matias data de 1865: porque a derradeira vez que o encontrei, numa tarde agreste de janeiro, metido num Portal da Rua de S.
Bento, tiritava dentro duma quinzena cor de mel, roída nos cotovelos, e cheirava abominavelmente a aguardente.
(Eça de Queirós: José Matias. In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda e RÓNAI,
Paulo: Mar de Histórias (5). 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981, p. 266.)
24.
O trecho é o primeiro parágrafo de um conto de Eça de Queirós. Exprime uma situação de contraste entre um acontecimento humano e a natureza e está na forma de comunicação direta entre duas personagens: o narrador e um suposto ouvinte.
a) Descreva a situação, explicando o contraste.
* o enterro e uma linda tarde
b) Identifique os elementos gramaticais que denotam a presença do narrador e de seu suposto ouvinte.
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